Precisamos ter a experiência do Cristo Ressuscitado (Padre Léo)



A ressurreição é consequência natural da cruz. O problema é que nós queremos pular a cruz. Por que um jovem se droga? Porque ele está buscando a ressurreição. Ressurreição é alegria!

"No entanto, eu poderia confiar também na carne. Se há quem julgue ter motivos humanos para se gloriar, maiores os possuo eu: circuncidado ao oitavo dia, da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu e filho de hebreus. Quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça legal, declaradamente irrepreensível. Mas essas coisas que eram ganhos para mim, considerei-as prejuízo por causa do Cristo. Mais que isso, julgo que tudo é prejuízo, diante deste bem supremo, que é o conhecimento do Cristo Jesus meu senhor. Por causa dele perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado por ele, unido a ele. E isto, não com a justiça que vem da lei, mas com a justiça que vem pela fé em Cristo. A justiça que vem de Deus, com base na fé. É assim que eu conheço Cristo, a força da sua ressurreição." (Fil 3, 1- 9)

Essa Palavra escolhida como tema para este congresso é em primeiro lugar um grande desafio. Revela um desejo profundo de Paulo, mas também de cada um de nós: "Anseio pelo conhecimento de Cristo, o meu Senhor". O que Paulo está dizendo para nós é que, lá no íntimo do nosso coração, nós temos um grande desejo de Deus. E ele faz isso a partir de uma ánalise de sua vida. 

Paulo foi um homem importante, nascido de um judeu, da tribo de Benjamin, circuncidado no oitavo dia, fariseu, cumpridor da lei, conhecia a Escritura de cor. Tudo que Jesus falava dos fariseus: que pagava o dízimo até da hortelã, que parava o sétimo dia para rezar... Mas isso tudo não preenchia o coração dele. Ele mesmo conta, no capítulo 22 de Atos dos Apóstolos, que ele fez uma grande busca de Deus. E que ele tentou caminhar com toda honestidade possível, naquilo que conhecia que era o caminho de Deus. Mas nada daquilo preencheu. O vazio no seu coração continuou. E essa experiência acontece com cada um de nós.

 Dentro do coração humano há um profundo e irreversível desejo de Deus. E não tem jeito. Do mesmo jeito que o rio nasce para ir para o mar, o ser humano tem um desejo descontrolado de Deus dentro de si. Enquanto ele não fizer essa experiência do poder de Deus, do poder de Jesus Cristo ressuscitado na sua história, como Paulo fala que fez, não encontraremos o sentido da nossa vida. 

Eu não tenho dúvida que todos os pecados que nós conhecemos, todas as burradas que nós já fizemos na vida têm uma única causa: nós estamos procurando Deus. Na casa que eu moro tem 80 pessoas. A comunidade inteira hoje tem 160 pessoas. E quando eu converso com cada um de meus filhos e filhas, que entraram na droga com dez, doze anos, já se prostituíram de todas as formas possíveis, ou alguns que já têm bastante idade, e se alcoolizaram tanto, ao ponto de perder a esposa, os filhos, a conclusão que eu tiro da conversa com cada um deles: estão procurando Deus. 

O jovem que sai de casa de madrugada, correndo risco de vida, e se mete numa favela, enfrenta traficantes, corre da polícia, ele está procurando Deus. Então por que ele vai atrás da droga, se ele está procurando Deus? O marido que sai de casa, deixa sua esposa, seus filhos e vai para a zona de prostituição, está procurando Deus. Aquela senhora que deixa os afazeres domésticos e passa uma tarde inteira jogando bingo, está procurando Deus. Uma pessoa que tem uma caixa inteira com remédios tarja preta, está procurando Deus. E enquanto não achar, vai continuar procurando, procurando... E dando cabeçada. Porque há um desejo profundo.

Como é que Paulo fez essa experiência toda? Como ele conseguiu fazer essa síntese, se ele era um homem que vivia dia e noite correndo para lá e para cá? Você sabe onde Paulo estava quando escreveu esta carta? Ele estava na prisão. No tempo deles a cadeia era um buraco que eles cavavam num porão bem escuro, com três ou quatro metros de profundidade, e jogavam a pessoa lá dentro, amarrada. Primeiro eles batiam nos presos, até esfolarem seus corpos. Depois amarravam uma bola de ferro e jogavam lá dentro. E como um homem preso nessa cadeia pode escrever isso que ele escreveu? Qual é a força? E ainda, ele foi preso injustamente, por testemunhar Jesus. E continuou testemunhando Jesus lá dentro. E Paulo foi preso várias vezes. Eu não sei se tem algum personagem, depois de Jesus, que tenha sofrido tanta perseguição como Paulo. Ele vivia esfolado, foi dado como morto. Qual é o tema da carta de Paulo aos Filipenses? Fil 4, 4: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!"  Em quatro capítulos, Paulo fala 16 vezes de alegria nessa carta. Como pode alguém na cadeia, todo esfolado, escrever quatro páginas, e falar 16 vezes de alegria? Qual é o segredo de Paulo? O segredo de Paulo é que ele fez uma experiência pessoal de Jesus Cristo ressuscitado na sua vida. E qual é o segredo quando ficamos tão para baixo? 

Estamos criando uma raça de gente fraca. Gente imagem e semelhança do encardido. E a pior raça de gente fraca que está se criando hoje é a juventude. Isso é um plano do encardido. Pois o jovem achando que é fraco, por qualquer coisa é dominado pelo encardido. E para tornar um jovem fraco, o encardido precisa fazer do jovem um imbecil. Hoje o que mais existe são Escolas Superiores de Imbecilidade Federal, a ESIF. Poderia dar carteirinha para muitos. Por que federal? Porque é paga pelo governo. Aliás, vai até sua casa. E temos alguns professores que são MBA da ESIF. O Gugu, o Ratinho, o Big Brother e 96% dos músicos brasileiros são formados pela ESIF... É só você ler as letras das músicas. Frequentando a ESIF, nós nos tornamos essas pessoas fracas. Por qualquer coisinha desistimos. Jesus Cristo ressuscitado é a única força que pode transformar. Paulo estudou numa escola pior do que a ESIF. E o que fez Paulo deixar de ser fraco? Ele conta: "Na minha fraqueza eu fiz a experiência da força de Deus". A boa tradução do grego deste texto que eu li, deveria dizer exatamente o seguinte: "Tudo aquilo que era motivo de honra e de glórias para mim, eu descobri que não valia um monte de esterco, lixo". Esterco para a plantação de sua vida nova. O homem que considerou tudo que tinha um monte de esterco, no final dos Atos dos Apóstolos vai aparecer curando o pai do governador da ilha, que estava com diarréia. Paulo estava indo de navio para ser preso. Se jogou, parou numa ilha, estava fazendo uma fogueira, pegou uns gravetos, tinha uma cobra violenta, que picou sua mão e ele não morreu. Quem viu achou que ele era milagroso. E levaram-no para o governador da ilha. E Paulo curou a diarréia do homem. Aquele homem que fez de tudo que tinha um monte de esterco, agora cura esterco. Deus vive dando risada. Por isso Paulo fala: "Do mesmo jeito que você usou seus membros para o pecado, use agora para a glória de Deus". O que significa isso? 

Vamos pegar o exemplo de um jovem que usa drogas. Ele usa a mão para pegar a droga, usa a boca para fumar, usa o nariz para cheirar, usa a inteligência para pensar como vai fazer para conseguir a droga. Então, quando fazemos a experiência do ressuscitado pensamos: "Eu tenho que arrumar um jeito de fazer aquele amigo meu fazer uma experiência com Jesus ressuscitado. Ele está indo para o buraco. Ele está se perdendo." Esse é o segredo.

 Eu queria fazer um estágio junto com os traficantes. Eu fico impressionado com a inteligência dos traficantes de drogas. Todos nós sabemos que droga é ruim, droga dá cadeia, droga mata. Até a Globo faz campanha contra as drogas. No entanto, tem tanta gente envolvida com drogas. Principalmente jovens. Qual é o segredo? Seduzir, levar o jovem a fazer uma experiência de tornar-se dependente das drogas. O jovem passa a sentir necessidade das drogas. Se nós não chegarmos a sentir a necessidade de um encontro pessoal com Jesus Cristo Ressuscitado não vamos ter a coragem que um traficante tem. E só podemos sentir a necessidade de um encontro com Jesus Ressuscitado a partir da nossa fraqueza. Enquanto cada um de nós não arrancarmos as máscaras... 

Desde pequenos colocam máscaras em nós. Criança tem o dom natural de fazer a mãe passar vergonha. Mas a culpa é da mãe, pois fica um ano inteiro ensinando a falar e depois fica três anos mandando a criança ficar quieta. Desde criança começamos a ser fingidos e, à medida que crescemos, o fingimento também cresce. Para arrumar um namorado também é preciso fingir. Mas acontece que com a convivência a máscara cai. Ensinaram-nos que temos que ser importantes, que temos que ser isso e aquilo. E acreditamos! E vamos colocando máscaras! Nós não mostramos quem nós somos. Somos fingidos. Porque a pessoa não gosta de você: ela gosta da imagem que ela tem de você. E eu não posso decepcionar. Não posso mudar essa imagem. Como é que eu vou mostrar quem eu sou? E ficamos mendigando amor, fingindo, não revelamos o que somos com os outros, não temos intimidade com ninguém. 

Primeiro segredo que Jesus vem ensinar como homem para a humanidade é: "Se você quer ser uma pessoa equilibrada, tem que ter amigos íntimos". E Ele não tinha medo de declarar para os outros que Ele tinha amigos os quais Ele amava mais do que os outros. Jesus não tem medo de declarar publicamente que Ele tem preferências. Pedro, Tiago e João, por exemplo. Na transfiguração, quem está com Ele? No Getsêmani, quem está com Ele? Ele tinha tanta intimidade que chorou na frente deles. Chegou a suar sangue. O filho de Deus, o homem que vai salvar a humanidade, chorou. Reclamou deles: "Vocês não podem vigiar uma hora comigo?"

Jesus tinha uma família de amigos íntimos em Betânia: Marta, Maria e Lázaro. Lá, também, o homem mais importante da história, o homem que dividiu a história em antes e depois dele, chorou na frente de todo mundo por causa de um amigo. Hoje não temos amigos. Somos conhecidos de muita gente, mas não temos amigos. Nem marido e mulher hoje são amigos. Nem pais e filhos são amigos. São estranhos. "Fami-ilhas". Pais e filhos que não se falam. Marido e mulher que não se amam, que não se abraçam. Eu faço retiro de casais em Bethânia, tem sete por ano, e as vagas estão todas lotadas. No retiro número um, nós ensinamos os casais a se beijarem. 

O ser humano moderno perdeu a intimidade. É um ser que fica exposto, mas não é íntimo. Isso é terrível. É viver porta afora! Essa é a grande doença do mundo moderno: viver na máscara. Eu tenho amigo? Meu amigo me conhece? Me conhece coisa nenhuma! Vivemos com medo das pessoas conhecerem a gente de verdade. E ninguém consegue fingir o tempo inteiro. Jesus garantiu uma coisa: "Tudo que você faz escondido virá um dia por cima dos telhados"

A gente sempre se confessa: com o sacramento ou com o sofrimento. A diferença é que quando eu me confesso com o sacramento, os pecados são absolvidos. E quando eu confesso com o sofrimento, os pecados são absorvidos, guardados. E se guardar, ele sai. Essa Escola Superior de Imbecilidade Federal que nós frequentamos, ela vai nos tornando pessoas que fingem. Esse "F" pode ser de fingimento, fraqueza, futilidade. Ela vai nos tornando pessoas fúteis. Pessoas fantasiosas. As pessoas conhecem de nós as nossas máscaras. Mas por trás desta máscara está tudo podre. 

Paulo era um especialista em máscaras. Ele era fariseu, desde o oitavo dia de sua vida, quando ele foi circuncidado. A circuncisão era um sinal externo, cortava-se o prepúcio. A pontinha da pele que envolve o pênis. Nós também somos batizados.  Carregamos um crucifixo no pescoço, mas lá por dentro vamos apodrecendo. Quantos amigos você tem? Amigos! Se você tiver mais amigos do que der para contar na palma da mão, você não tem amigos. Porque Jesus tinha três que vivia o tempo todo com Ele e mais três que Ele visitava quando estava na Judéia, incluindo sua mãe e alguns outros apóstolos. Esse era o círculo de amizade de Jesus. Onde Ele podia ser Ele mesmo. Onde Ele podia chorar. A Bíblia só fala duas vezes que Jesus chorou. Em uma Ele chorou por causa de um amigo, em outra Ele chorou com os amigos. Jesus não chorou na cruz, não chorou quando foi humilhado, não chorou quando foi apedrejado, não chorou quando cuspiram em sua cara, não chorou quando sua bexiga e seu intestino estouraram. Porque a ciência nos comprova que se o Cristo chegou a suar sangue, se quando Londino perfurou o coração dele e só saiu uma gota de sangue e uma gota de água, esses eram os últimos líquidos de seu corpo, é sinal que sua bexiga e seu intestino tinham estourado fazia tempo. Aí nós entendemos quando Jesus estava na cruz as pessoas passavam e viravam a cara, pois ele parecia um verme, parecia um monstro. O Cristo na cruz estava com suor, areia, sangue, cuspe, catarro, fezes, urina. Sete coisas. Por que sete? Tudo que não prestava Ele tinha. Ele carregou sobre si as nossas enfermidades. Mas Ele não chorou. Ele não chorou quando a multidão preferiu Barrabás. Ele não chorou nem antes de morrer na cruz. Ele deu um grito. No entanto, Ele chorou diante de três amigos, e chorou por causa de um amigo. Entende o que eu quero falar sobre tirar máscaras? Por que o Cristo ficou pelado na cruz? Pensa na humilhação. "Sendo ele de condição divina, não se apegou a essa condição, mas fez-se humano, e como humano fez-se escravo, e escravo obediente até a morte e morte de cruz". O pior dos piores. Não tinha aquela faixa, Ele estava nu, cheio de sangue, urina, sujeira, para mostrar ao ser humano que para chegar na vida tem que tirar as máscaras. 

Mas a ESIF nos ensina a colocar máscaras em cima de máscaras. Os uniformes são fabulosos. Compramos roupas novas já sendo velhas, rasgadas, desbotadas. E eu não paro pra pensar. É isso que paga o meu valor? Eu não sou padre porque uso essa coleirinha. O meu coração tem que estar com essa coleira, senão não adianta nada. Se no meu coração não tem uma coleira dizendo que eu tenho dono, não adianta de nada colocar essa coleira no pescoço. Não se chega à experiência da salvação sem passar pela cruz. A grande experiência que o Cristo nos mostra na cruz é tirar as nossas máscaras. 

Quando você sai para namorar você se preocupa muito com o exterior, com a aparência. E o interior? Não faz muito tempo que eu vi na rua uma ex-namorada minha. Eu dei graças a Deus. Porque a mulher estava muito feia. O exterior muda. A estatística mundial é que a cada três matrimônios, dois já acabaram. Mas não é só matrimônio, os sacerdotes também, de cada três sacerdotes ordenados, um desiste. O que leva um casal que se ama tanto a se separar depois de uns dois ou três anos de casados? Porque com o tempo de convivência as máscaras vão caindo. 

Antigamente não existia fórmica para fazer as mesas. Eram cortadas as árvores, mas a madeira tem uns buraquinhos, então eles colocavam uma cera, um resina, misturada com o pó da madeira para ficar da mesma cor. Depois lixavam e passavam verniz, a mesa ficava um espetáculo. Mas com o tempo, com o calor, a cera ia derretendo, os buraquinhos começavam a aparecer. Na hora de comprar uma mesa já pedíamos sem cera. Uma pessoa sincera é a mesma coisa, sem máscaras. Mas não essas máscaras exteriores. Temos que nos cuidar exteriormente por caridade aos outros. Mas se eu não fizer esse esforço interior, não vou ter esse encontro com o Cristo Ressuscitado. Que ao mesmo tempo que Ele foi crucifixado e morto pelos nossos pecados, Ele foi ressuscitado por Deus. Precisamos identificar o ressuscitado com o crucificado. E o próprio Cristo ressuscitado faz isso ao mostrar sua mão para Tomé. 

Qual é a única coisa no Céu que foi feita pelo homem? As chagas do corpo de Cristo. Porque o Cristo ressuscitado mostrou que Ele levou essas chagas. O ressuscitado é o crucificado. Aquele que carregou sobre si as nossas enfermidades. Se você lesse em jornal: "Jesus Cristo morreu de Aids", o que você ia dizer da notícia? Mentira. E se falar que Ele morreu de câncer no útero? Ou que Jesus morreu de overdose? O que você acha? É verdade! E enquanto não tivermos certeza absoluta que Ele morreu de Aids, de overdose, de câncer no útero, a nossa vida está vazia. Porque a Palavra diz que Ele carregou sobre si as nossas enfermidades. Todas! A Aids está na cruz. O Cristo morreu por causa da Aids, por causa da droga. E cada vez que um jovem morre por causa da droga é Cristo que ganha mais uma pedrada na cruz. Ou eu chego a essa experiência, ou Jesus Cristo virou um personagem do passado. E se não passarmos pela experiência do Cristo crucificado, não vamos chegar à experiência do Cristo ressuscitado. 

Se você descobrir que está com um câncer, pode confiar inteiramente em Jesus, porque Ele morreu para que você não tenha esse câncer. O homossexualismo, que é um problema psicopatológico, se você quiser vencer esse problema tem que acreditar que Jesus morreu por sua homossexualidade doentia, pelos estragos que ela faz. A ressurreição é consequência natural da cruz. O problema é que nós queremos pular a cruz. Por que um jovem se droga? Porque Ele está buscando a ressurreição. Ressurreição é alegria! A droga dá a você a alegria. Só que é uma alegria sem a cruz. A cruz do Cristo nos leva a verdadeira alegria. A alegria do mundo nos leva para a verdadeira cruz. É o contrário. A alegria do mundo é passageira. E quando ela passa o que ela deixa? Cruz. 

O jovem vai numa festa, bebe, fuma, usa droga, transa, tudo alegria. E depois? Dependência, vício, gravidez, AIDS, cruz. Cruz e ressurreição são irmãs. Jesus ensinou que passando pela cruz nós podemos chegar a ressurreição. Mas o mundo diz que eu posso chegar a ressurreição sem a cruz. Ou seja: o mundo diz que você pode ser feliz sem garra, sem luta. Isso é mentira, é história, é lorota. Sem sofrimento ninguém chega à ressurreição. A ressurreição é conquista, é consequência da cruz. Se a semente não morre não traz vida. Qual é a única profissão de Deus pai na bíblia? Agricultor. A felicidade que Deus dá é semente: você que vai ter que cultivar. Mas nos compramos as coisas todas prontas, felicidade pronta, alegria pronta. Eu não preciso lutar.

O mundo hoje é do conforto, não precisamos fazer força nenhuma, é tudo pronto, automático, instantâneo, descartável. Usamos, não queremos mais, jogamos fora. Também temos amizades descartáveis, usamos um amigo e depois jogamos fora. Sexo descartável. Uma vida descartável. Isso é o que o mundo oferece para nós que queremos chegar à alegria da ressurreição sem passar pela tristeza da cruz. E nós queremos também um Deus mágico. 

"Reze o Salmo 90 que você vai conseguir tudo o que quiser."

Mentira. O encardido rezou o Salmo 90 para Jesus. Cara a cara com Jesus e Jesus não o atendeu. Porque Deus vê o coração da pessoa, Ele não olha o que está por fora, que vai acabar, vai se deformar.

É como o bêbado que estava sentado no ônibus olhando para a cara de uma moça muito feia:

- O que você está olhando?

- Estou observando como você é feia.

- Eu sou feia, mas você é bêbado!

- Mas amanhã eu estou bom. 

Há uma feiúra no nosso coração que não melhora de um dia para o outro. Não tem mágica!  Até o nosso corpo dá para mudar de um dia para o outro. Eu corto o meu cabelo, dou uma tintura nele. Dou um banho de loja. Mudei. Mas no coração não dá para fazer isso. Para mudar o coração temos que arrancar... E isso é difícil. A planta que mata o pasto chama-se Preguiça. É a preguiça de arrancar que mata. É assim no nosso coração. A preguiça de arrancar os pecados é que nos mata. A preguiça de arrancar as nossas máscaras. Nós temos medo de arrancar as máscaras. E aí a gente vai levando a vida. Empurrando com a barriga. Se alguém descobre sobre meus erros, eu mudo de amigos, mudo de cidade, mudo de família. Ao invés de eu mudar, eu mudo os outros. O cara não quer mudar o seu coração, então muda de mulher. A mulher não quer mudar o seu coração, então muda de marido. Muda de namorada, muda de amigos, muda de escola, muda de emprego, muda de cor, muda de roupa, muda tudo. 

Vivemos na sociedade da troca, onde o bom é o que é novo. Essa camisa não presta mais, tenho que comprar uma nova. Não é a roupa que faz você, use a roupa que você quiser. Quer usar uma calça rasgada, use! Quer usar uma calça mais curta, use! Graças a Deus que o mundo está mudado e que cada um pode andar do jeito que bem entender. 

Você compraria uma pessoa com o coração rasgado? Rasgue o seu. Jesus deixou o pecado da humanidade rasgar seu coração e dele saiu água e sangue. Se eu desejo, se eu anseio o poder do Cristo ressuscitado em minha vida, para chegar a essa experiência eu preciso passar pela experiência de cruz. Eu preciso assumir a minha experiência de cruz. E o que é assumir a minha experiência de cruz? Eu preciso pegar a minha experiência de vida e colocar aqui na mão. 

Com o tempo, com a convivência, as pessoas vão descobrindo nossas fraquezas. Não tem outro jeito. "Padre, meu namorado é um sonho". Cuidado! Vai acordar com um pesadelo. Se sua vida é um sonho, vai acordar com um pesadelo. Acorde para a vida. Jesus Cristo veio nos ensinar a vivermos acordados, ligados, atentos. 

A cruz é redentora. "Nós vos adoramos e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo." Uma das coisas que eu acho mais linda na nossa fé católica é o fato de ser a única que mostra o Cristo ressuscitado. Algumas igrejas até têm a cruz, como a Universal, mas não tem o crucificado. A única igreja que tem o crucificado é a católica. E por quê? Porque Paulo disse para nós em Gálatas 1, 19b-20: "Eu estou pregado na cruz com Cristo". Começo da Carta aos Coríntios: "O mundo quer espetáculos, para os judeus isso é um escândalo, para os gregos isso é um absurdo, mas nós pregamos Cristo crucificado". E não tem outro jeito. E Jesus mesmo disse isso: "Se você quer ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, às suas máscaras, tome cada dia a sua cruz". Isso significa que a cada dia eu preciso fazer uma experiência pessoal de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. O crucificado e o ressuscitado são o mesmo. Jesus cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.

A cada dia temos que assumir as nossas limitações. Ontem eu ouvi dizer que até providenciaram uma cadeira de rodas para o papa, mas que ele faz questão de continuar caminhando. Ele não tem vergonha de mostrar suas limitações. O grande testemunho que o mundo precisa: um homem que não tem vergonha de mostrar para o mundo a sua fraqueza. O papa poderia mandar uma carta para o mundo através da imprensa, dizendo: "Olha, eu sinto que pelo meu sofrimento e pela minha fraqueza, eu deveria estar mais recolhido agora, em oração profunda". E não aparecer mais, porque assim ninguém iria ver que ele está doente, ninguém iria ver que ele está fraco. Mas ele não esconde! Ele mostra a fraqueza, e é por isso que vem a força. 

Mostre que você é fraco. Não tenha medo. Tenha amigos, mesmo que sejam poucos. Mas amigos que você possa mostrar o que você é, com fraquezas, com limitações, mas uma pessoa fabulosa, porque sou imagem e semelhança de Deus. Se você quer chegar à experiência da ressurreição, não tem outro jeito, a não ser assumir hoje suas limitações.

Padre Léo, SCJ

Fonte: Comunicação Bethânia - www.bethania.com.br

Transcrito conforme o original da palestra título do artigo. Palestra realizada por padre Léo na Comunidade Canção Nova.
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3 comentários:

  1. O que eu gostaria de ve e rever sao as primeiras palestras do padre leo, no inicio da sua vida sacerdotal

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  2. Mais palestras e comentarios sobre a tenda do senhor, na época do padre leo

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  3. No início dessa pregação o padre Léo nos fala da experiência do apóstolo Paulo com o Cristo ressuscitado.
    O padre, às vezes prega, a partir de situações por ele vividas. Esse desejo profundo de Deus todos nós trazemos e o jovem Tarcísio experimentou, quando seu coração ardia e nessa ânsia, nessa procura atravessou caminhos obscuros.
    Somente Jesus pode preencher esse vazio que sentia.
    Se o jovem sente o vazio, é porque sente a ausência de Deus, é porque tem saudade de Deus.
    Santo Agostinho nos diz que nosso coração fica inquieto, enquanto não repousar no Senhor, por isso precisamos fazer a experiência do Cristo Ressuscitado.
    marciabezerra@terra.com.br

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