Emails ao padre Léo



O texto a seguir foi publicado hoje, 30/09/2011, no site da Comunidade Bethânia, por José Gentil, consagrado da Comunidade e escritor.


Pai querido, recordo hoje do primeiro dia que lhe chamei de pai.

Devido às muitas mensagens que recebemos de todo Brasil a respeito do meu artigo “A ausência física da presença”, resolvi aproveitar esse espaço para falar mais do Pe. Léo. Sim... Porque há muito, ele deixou de ser simplesmente nosso, digo, da Comunidade Bethânia, para ser de toda a Igreja de Deus. Quero dizer com isso que é justo que partilhemos as nossas experiências do Léo, até porque a sua vida enriqueceu e continua enriquecendo não só a Comunidade Bethânia, mas a humanidade inteira. Sendo assim, toda semana escreverei nesse espaço um E-mail para ele.

De: o mais gentil dos Josés
Assunto: filhos do Léo
Para: padreleo@ceuhotmail.com

Pai querido, recordo hoje do primeiro dia que lhe chamei de pai. Ah!... Eu estava recém chegado da rua, vindo de uma experiência de dezessete anos de drogadição (dezessete anos injetando cocaína nas veias), e o cenário foi o recanto de Lorena no interior do estado de São Paulo. Você tinha chegado para pregar na Canção Nova e estava sentado na muretinha que circundava a garagem do recanto (mais ou menos às nove horas da manhã). Eu passei por ti com uma enxada no ombro e apaticamente disse “Bom dia, padre Léo”, no que você respondeu prontamente “bom dia”, e acrescentou ternamente “meu filho”. Confesso a você, pai querido, que aquele “meu filho” dado assim, de chofre, tocou tanto no meu coração, que eu dei uns três ou quatro passos, e... Parei... Lembra?...

Imagina comigo, eu estava chegando de uma experiência de rua, literalmente. Estava absolutamente ferido e machucado, já tinha de certa forma me “acostumado” com os insultos e os maus tratos próprios de quem vive na rua, os olhares tortos não provocavam mais reação nenhuma em mim. Anos e anos a fio sem receber um abraço, nenhuma manifestação de carinho... E agora, assim, sem mais nem menos, você... De calça jeans escura e botina preta, com as costas eretas sentado naquela muretinha... Ternamente me chamava de... “Meu filho”. Ah! Era demais, e... Foi por isso que eu parei.

Voltei, e lhe perguntei, assim, olho no olho, “as pessoas te chamam de pai, eu posso te chamar de pai também?”... Ah! Lembro como se fosse hoje que os minutos seguintes parecem que se converteram na eternidade, e seus olhões azuis procuraram apoio em algum ponto imaginário antes de responder... “Sim, meu filho... Pode me chamar de pai porque é isso que eu quero ser para você”. Não precisa dizer que o abraço e as lágrimas foram inevitáveis.

Só agora, pai querido, eu consigo entender o porquê você gostava tanto que nós o chamássemos de pai e não de padre. É porque a palavra padre dá uma conotação genérica, e dentro do contexto brasileiro é até meio “formal”. Pai não, o pai é intimo do filho, é presente, anda junto, protege, acolhe, agasalha, é refugio, providência, ensina, exorta, é acessível, promove... E você era e continua sendo tudo isso para nós.

Continuamos, pai querido, chamando de filhos, esses “meninos e meninas” que chegam aqui todos os dias com os olhos avermelhados e rostos "chupados" pelo crack...

Mas não só os chamamos, nós tratamos e temos esses “meninos e meninas” como filhos de fato, inclusive com todas as implicações inerentes à condição de filho. Aliás, vou lhe contar um segredo,?pai querido, que talvez você não saiba: não existe “coisa mais boa no mundo” de que ser filho de Bethânia... Ser teu filho... Ser filho do Léo.

jpiresbethania@hotmail.com

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7 comentários:

  1. Olá José amei esta decisão de escrever para o Léo,vou esperar a cada semana por uma nova postagem sua.Que Deus te abençoe!!!
    Dayane Montes Claros-MG

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  2. Oi Jose continue a escrever lendo seus comentarios tambem e uma forma de matar um pouco a saudade do padre Leo .
    Lana,
    curvelo MG

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  3. Oi José, filho de Léo
    Seu texto de tão simples, foi de uma riqueza de sentimentos que me fez chorar.
    Que Deus continue a te abençoar assim como seu pai Léo o fazia sempre quando presente no meio de voces.
    Luiza de Marillac
    Formosa/GO

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  4. Bom dia, José Gentil.
    Lí seu primeiro e mail e agora este.
    Estou gostando.
    Continue escrevendo, serei leitora assídua.
    Jesus tocou o coraçao do Pe Léo, e através dele muitos de nós fomos
    tocados. Que tenhamos muitos porta vozes do nosso amado Pe Léo.
    Jesus e Maria abençoe a todos.
    Lúcia Resende

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  5. Ola Jose Gentil!!
    Vc esta sendo nao so gentil como abencoado por escrever estes emails para o Pe. Leo,pelo menos podemos conhecer um pouco mais desse homem-padre-pai que foi,

    que apesar nao ter-lo conhecido pessoalmente, ele faz parte da minha vida e da minha familia, ainda nos evangelizando.
    Luciene
    Nova Odessa/SP

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  6. Que lindo,sublime, obrigada por partilhar sua experiencia maravilhosa e só poderia ser mesmo incrível com o nosso amado e eterno PAI LÉO.um grande abraço PRA VC TODOS DE BETHANIA

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  7. Me emocionei com teu e mail, tive a bençao de uma vez assistir uma palestra desse padre maravilhoso desse pai Leo, ele deve ta la no ceu dando saltos de alegria por ter agido e feito tantas graças na vida de todos nos...Padre Leo eu amo vc...

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