O pregador padre Léo - Padre Zezinho, scj

Padre Zezinho e padre Léo


O pregador padre Léo

Padre Zezinho, scj - Setembro de 2009


Na última conversa que tivemos pedi a ele que vivesse, porque eu sentiria falta das nossas brigas. Éramos amigos de um dizer ao outro o que tinha que dizer. Foi meu aluno e eu permitia avaliação da minha comunicação nos minutos finais de 90 minutos de aulas. No futuro seriam avaliados a cada sermão. Um dia, ele me deu nota 6. Achou que vim despreparado. No dia em que ele improvisou uma resposta que não tinha (porque não lera a matéria), dei-lhe a mesma nota. Mas foi coisa de professor e aluno. Ele e eu sabíamos que minha tarefa era ajudá-lo a situar o seu talento. E fráter Léo Tarcísio Pereira, mais tarde padre Léo scj, era um pregador-ator. Ele sabia dar vida a tudo o que narrava. Era desses iguais a quem não se verá em décadas.

 Não há pregadores perfeitos. Padre Léo sabia que não era. Eu sabia e sei que não sou. Por isso, embora me admirasse muito, às vezes ele me criticava. Às vezes eu, que tenho o costume de gravar as pregações religiosas para meus estudos e para as aulas de "Prática e Crítica de Comunicação das Igrejas", mostrava a ele trechos de suas pregações que considerava inadequadas ou em falta. Ele esperneava, mas acabava agradecendo. Padre Léo nunca esqueceu que tive algo a ver com sua trajetória. Apostei no seu talento de pregador-ator. Era assim desde Itajubá. E seu talento era tal que, às vezes, fazia voos perigosamente rasantes. Os vocábulos poderiam ser um pouco mais nobres... dizia eu. De fala em fala, de correção fraterna em correção fraterna, acabávamos no entendendo. Éramos dehonianos e supostamente padre de pregação cordial. Aquela cruz e aquele "scj" que levamos nos dava esse direito.




Depois de ouvir sua palestra para família, felizmente registrada com o título "Restaurar a vida familiar", entendi que deveria mostrá-la em aula aos futuros pregadores. Ali o padre Léo mostra todo o seu talento quase completo (se é que isso existe) de padre-pregador-contador de histórias-comediante-homem-sério-e-contundente, imitador e orador com um tema forte e um objetivo. É um exemplo das muitas pregações do padre Léo, que considero um dos melhores pregadores que já vi atuar na mídia nos últimos 30 anos. Nós, dehonianos, somos gratos ao monsenhor Jonas Abib e à Canção Nova que deram a ele o púlpito que Padre Leão não teria entre nós. Onde estamos e atuamos, ele não repercutiria como repercutiu no Brasil e no mundo. Digamos que nós o preparamos e monsenhor Jonas lhe deu os instrumentos. Ma ele já vinha dos inícios da RCC, da qual era admirador entusiasta, mas que nunca deixou de analisar com isenção. Amava-a e lutava por ela como fez pela congregação, mas tinha o hábito de falar o que pensava. Era uma de suas muitas qualidades.


Mas o pregador-ator, com uma simples e pequena história levava o povo a rir e a chorar e em cinco minutos conseguia trazer à luz alguma passagem bíblica marcante. Sobre ela desenvolvia sua catequese que parecia zigue-zague, mas na verdade era sólida, linear e transversal. Ele brincava e arrancava risos, mas ia ao ponto. Brinquei algumas vezes dizendo-lhe que ele nunca seria um Padre Antônio Vieira porque seu português não era nada rebuscado e escorreito, embora dele fosse capaz se o quisesse. Mas fiz ver que ele se tornara um pregador atualíssimo que sabia por que estava na mídia e compreendia o que significa enfrentar duas ou três câmeras sobre o seu púlpito. Padre Léo entendeu como ninguém a importância do púlpito eletrônico. Optou conscientemente pela fala de mineiro para chegar ao povo e chegou. Escolheu aquela linguagem. E a exerceu muito bem, com algum eventual exagero que ele mesmo reconhecia.


Esses dias vi meu vídeo, gravado na TV Século XXI, perto do padre Eduardo Daugherty: "A cura da minha família". Logo a seguir, liguei a do padre Léo: "Restaurar a vida familiar". Mesmo estilo, conteúdo semelhante, mesmas idéias, jeito peculiar de cada um. Mas percebi seus recursos. Eu tenho a canção, e ele tinha seu jeito de contador de "causos", estilo compadre mineiro. Vindos da mesma região, há coincidências de conteúdo e de estilo entre professor e aluno, mas tínhamos, em comum, a marca "dehonianos". Assim como consigo ver o estilo franciscano, jesuíta , dominicano, redentorista, percebo que há, sim, um jeito que, entre nós, passa de um para o outro. Nunca haverá um outro Padre Vitor, mas haverá outros redentoristas com a mesma força de chegar ao povo. É marca da congregação. Por idade, eu, ele, padre Joãozinho, padre Fábio (que estudou 16 anos entre nós), padre Marcial e pelo menos vinte outros colegas bebemos do mesmo poço. Mas entre nós todos, padre Léo foi quem mais assimilou a linguagem midiática. Dominava o palco e o púlpito, mas não era ele quem brilhava. Conseguia fazer o púlpito e a Bíblia brilhar. Tornava-a interessante. Seus ouvintes sentiam a curiosidade de ler o que ele contava de maneira tão viça e atual. Era uma das coisas que eu mais elogiava nele.


Não há pregadores perfeitos, mas se alguém quiser saber como se postar diante de câmeras e microfones, e como criar o clima para chegar ao cerne da pregação, recomendo o saudoso padre Léo. Sua última fala terminou com a canção da minha autoria "Alô, meu Deus". Ele gostava dela. A letra fala da volta ao ninho da fé. No caso dele, o ninho era o Céu.

Achei que deveria prestar-lhe este tributo. Dizem que minhas canções ainda serão atuais muitos anos depois que morrer. Bondade dos amigos, porque nem todos pensam o mesmo. Mas digo isso de seus sermões e palestras. Continuam marcadamente atuais. Graças ao milagre da mídia, padre Léo não passará tão cedo. Ele não se repetia. Mesmice não era com ele. Eu diria que sei por quê. Do seu jeito de padre mineiro engraçado, mas sério, padre Léo descobriu a linguagem da grande maioria dos brasileiros. Entre uma e outra lembrança, ainda me surpreendo a rir com ele.

Padre Zezinho, scj 

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7 comentários:

  1. Márcia Alencar gostaria muito de pedir um favor para você! Eu já havia pedido para o Robsom, talvez ele não, encontrou ou entendeu o que pedi... Eu lhe peco, em funcão do que o Padre Zezinho falou: "Esses dias vi meu vídeo, gravado na TV Século XXI, perto do Padre Eduardo Daugherty sj : "A cura da minha família". Logo a seguir, liguei a do Padre Leo: Restaurar a vida familiar. Mesmo estilo, conteúdo semelhante, mesmas idéias, jeito peculiar de cada um. Mas percebi seus recursos. Eu tenho a canção, e ele tinha seu jeito de contador de "causos", estilo compadre mineiro. Vindos da mesma região há coincidências de conteúdo e de estilo entre professor e aluno, mas tínhamos, em comum, a marca "dehonianos". Por isso peco que você edite as palestras do Padre Zezinho? Meu cristo jovem, Meu cristo família, Meu cristo inconstante e muitos outros, que tenho certeza foi a inspiracão do Padre Léo! Para um dia sermos igual a ele! Como disse o Padre Zezinho. Pois o conteúdo é o mesmo! Se você me entender... Eu lhe agradeco? Digo isso Porque meu pai também estudou junto com o Padre Zezinho... Durante seis anos!

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  2. Pedro, gostaria de poder atender seu pedido, mas não sabemos como ter acesso a essas pregações do Padre Zezinho que você citou. Se você puder nos orientar sobre onde consegui-las, tentaremos atender seu pedido, que é uma sugestão muito interessante.
    Márcia

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  3. Nos anos 70, Padre Zezinho e Paulinas COMEP, lançaram uma coleção de discos narrados, falando sobre sacramentos e outros temas, usando Cristo como exemplo nas diversas fazes de sua vida. Esses discos são uma verdadeira obra prima.

    Série pastoral Sacramentos:

    O Cristo do meu batismo
    O Cristo que perdoa
    O Cristo dos enfermos
    Um homem para a eternidade
    Meu Cristo íntimo
    Meu Cristo quase adulto
    Meu Cristo família

    Outros:

    O Cristo inconstante
    Meu Cristo jovem
    O sonho de Joãozinho
    Maria de Jesus Cristo.
    Para você entender o que estou querendo dizer, procure no google: Meu cristo jovem, Padre Zezinho. Ou Padre Zezinho, SCJ: Discografia de Padre Zezinho, scj ANOS 70. Tenho certeza que foi dai que Padre Léo se inspirou, para fazer suas obras, suas pregacões e tudo que ele viveu na vida. Inclusive a homenagem que ele fez a Padre Zezinho, cantando aquela música, que ficou a mais famosa do Padre Léo. Halo meu Deus, que todos aplaudiram de pé. Tente por ai, se não der, teríamos que gravar isso e passar no computador para fazer download. O que você acha?
    O padre Léo tinha essa forca. Tudo que ele fazia ou narrava, ele dava vida! Vamos tentar nós fazer isso? Beleza!
    Até mais Márcia, e espero que você consiga!

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  4. Caro Pedro Brusco, muitooooooooo interessante o que você postou aqui. Junto com o Robym e a Marcia, verei como tentaremos conseguir isso, ou ao menos lhe traremos alguma conclusão ok.

    Se o Padre Léo, se inspirou nisso e ainda mais se tratando do Pe Zezinho que é um padre super ungido, deve ser um material excelente... muito obrigado por me deixar "curioso e ansioso" por ver esse material... risos...

    Abraço fraterno!!!

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  5. Meus queridos irmão em Cristo Jesus, estava lendo o que o nosso amigo Pedro Brusco estava pedindo a vcs, achei super interresante a idéia dele é ótima mesmo, porém não é fácil...e tbm mão é impossívél!!
    Talvés eu que esteja atrassada como sempre e mem vi vcs postarem algo sobre isso...rsrss afinal vcs são uma equipe 100%.
    Sei que não participo como devia mas vcs pode contar com as minhas oraçãoe e vigilhas 24hs ok amo vcs todos em CRISTO JESUS.
    E que o nosso querido e Eterno pe Léo intercede sempre por todos nós.
    Bjus♥

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  6. Equipe do blog, Padre Léo eterno. Sei que o que estou pedindo pra vocês, Não tem nada haver com o Padre Léo... Mas, na minha formacão, através de meu pai, Raulino Brusco, que teve a mesma formacão do Padre Zezinho, pois estudaram juntos no seminário e do Padre Léo que sinto a mesma da minha e hoje vivem no céu... Acredito que com a mesma fé de São Paulo. Fé, fundamento da esperanca e certeza a respeito daquilo que não vê. O Padre Léo, Meu Pai, sei que eles acreditaram nisso, e estão no céu. Pois meu Pai viveu para á Igreja... Certa vez, na enfermidade de meu Pai, um Padre veio visitar... Eu disse para o Padre, se meu Pai não for para o céu... Eu serei o Maior bandido que este mundo já viu! Acredito que ele foi para o céu, pois não tenho vontade nenhuma de ser bandido. Talvez seja impossível que eu peco a vocês. Mas tenho certeza que veio daí á formação litúrgica do Padre Léo. Essas mensagens do Padre Zezinho foram o inicio da formação da juventude daquela época, anos setenta, para a renovação carismática de hoje, que Padre Léo viveu autenticamente. Nós que somos seguidores do Padre Léo... vale a pena escutarmos essas mensagens do Padre Zezinho. Pois foi dai que o Padre Léo se inspirou para sua formacão. E nós podemos viver também? O que vocês acham? Se por acaso vocês precisarem alguma ajuda financeira para conseguir esse material, estou disposto a ajudar! Obrigado.

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  7. Bonita demais a amizade entre Padre Zezinho e Padre Léo.

    Cresci ouvindo as canções de padre Zezinho. Aprendi a gostar com meus pais. As melodias e as letras são belíssimas. Poderia citar várias como "Eu tenho alguém por mim", "Águia pequena", "Mãe do céu morena", "Menores abandonados", "Juramento", "Cantiga de matrimônio"... e tantas outras que amo ouvir. Padre Zezinho é um cantor e compositor singular. Sua música é poesia.

    Padre Léo, para mim, é o mais singular dos pregadores. É notável que a espiritualidade e singularidade de Padre Zezinho é pilar e alimento inspirador da genialidade evangelizadora vivenciada pelo nosso saudoso e amado compadre, ou melhor, padre.

    Sendo eu, admiradora dessas duas personalidades evangelizadoras e de seus frutos, os quais colho e saboreio junto com minha família, me emociono ao saber dessa amizade tão bonita, do reconhecimento ao espaço aberto pela nossa amada Comunidade e TV Canção Nova e pela graça de Deus que nos unifica e nos faz membros do mesmo corpo: JESUS CRISTO, o centro de nosso viver e o canal, o meio, o caminho para retornar-mos à casa do Pai.


    Abraço a todos que seguem o blog!!

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