"Senhor, nós viemos a esse acampamento, e viemos a esse acampamento logo no início desse ano como casais para aprender, para reaprender, para retomar a sua Palavra. Para retomar a Palavra e a doutrina da Igreja. Para não deixar perder a graça e a unção. Ontem, nós já meditávamos, Pai, no perigo de se perder a unção e a graça, como aconteceu com Saul. Saul é o retrato de muitos matrimônios: ele tão forte, tão bonito! O primeiro livro de Samuel, no capítulo nove diz que Saul, do ombro pra cima, se destacava entre todos. Ele era um jovem bonito. Lindo! Um jovem que se tornou ungido, cheio de Deus. O retrato do matrimônio. Mas com o tempo, porque foi deixando-se levar por aquilo que ouvia... Porque foi deixando de cultivar a planta interior do amor, da ternura em seu coração... Porque foi tornando-se massificado, machista, coisificado, Saul foi perdendo a unção.
E hoje, com Davi, nós vamos retomar na Santa Missa a morte de Saul. Também queremos que aconteça a morte desse Saul, sim, Pai... Desse Saul estragado que acabou se transformando o matrimônio de tantos casais. Esse matrimônio que deveria ser fonte de vida, jardim de flor, porque não foi cultivado, hoje é um jardim de espinho, de grama, de mato, de tiririca... E porque tinha adubo, esse espinho veio com uma força medonha! Nenhuma terra está tão bem preparada para ter tanto espinho, tanta praga, do que um terreno preparado de um jardim e uma horta... E é por isso que quando se para de cuidar de uma horta, de um jardim, num instantinho a praga toma conta. Porque a praga sabe aproveitar o adubo, o esterco, as propriedades do terreno pra crescer rápido. É isso também que aconteceu, pai, no matrimônio de muitos. Como não cultivaram, Pai, as plantas bonitas que o senhor semeou... E como esse coração é terreno forte e fértil, acabaram produzindo muitos espinhos.
Talvez hoje, aqui, muitos casais estejam entendendo, Pai, por que será que tão rapidamente o amor se transformou em desamor... Por que será que tão rapidamente o diálogo se transformou em briga? Por que será que tão rapidamente o carinho se transformou em frieza? Talvez alguns casais estivessem até se perguntando: 'Por que será que nosso casamento, tantas coisas coisas deram erradas? Por que será que no jardim do nosso matrimônio nasceram tantos espinhos?'. E hoje já estão compreendendo! É porque o espinho, a praga, precisam ser arrancados todos os dias.
As vezes, e foi Jesus quem ensinou, é preciso ter sabedoria de deixar crescer o joio junto com o trigo pra não ter perigo de arrancar o trigo. Quantas e quantas vezes, a senhora e o senhor tiveram que fazer isso? Na prática, aprenderam a deixar crescer o joio... Aquela hora em que tiveram que ser pacientes.
Naquela hora que tiveram que aceitar falhas, erros até de caráter, do marido, da mulher... Naquela hora que tiveram que aceitar o alcoolismo, aquela mania de doença... Era joio que estava crescendo. Mas o que não pode de maneira nenhuma é deixar de cultivar o trigo. Até porque, talvez, hoje você consiga arrancar todo o joio da plantação e só emxergar os trigos. E amar o barulho do vento soprando nos trigais. Mas quando você menos esperar o trigo colheu, sobra os bagaços. E logo o joio vem rápido. E será preciso preparar de novo esse terreno. E semar de novo. E outra vez semear de novo! E, assim, todos os dias até que a morte os separe, porque aquilo que Deus uniu ninguém poderá separar.
Pai santo, Pai querido, Pai amado, nós estamos pedindo que essa graça linda e maravilhosa que o cultivo do trigo, trigo que o seu filho tomou, pra depois transformá-lo no corpo, sangue, alma e divindade Dele para nós. Que esse trigo hoje, Pai, volte a ser semeado no coração desses casais.
Nós queremos pedir, e especialmente nessa tarde o faremos, Pai, que venhas arrancar com sua misericórdia infinita os joios que foram semeados na terra fértil. E só foram semeados na terra fértil exatamente por ser fértil no matrimônio desses meus irmãos, minhas irmãs... E hoje, Pai, ao arrancar esse joio, nós queremos pedir uma chuva de bênçãos e de graças, porque Tu és o agricultor dos agricultores. Para que o trigo semeado, que já está sendo semeado, que vem sendo semeado, volte de novo a ocupar o espaço principal de cada coração.
Para que cada coração, hoje, novamente possa florir, transformar o azedume do adubo, a acidez do terreno, o fedor do esterco, no perfume, na docilidade, na sensibilidade, na beleza da flor. E muito mais importante do que essa flor é essa que o Senhor plantou na vida desse homem e dessa mulher pela graça e pelo dom do sacramento do matrimônio.
Derramai, oh, Pai, com a força do Espírito Santo, a graça e o dom do amor novamente nesses corações. Renova, Pai, hoje, do mesmo jeito que Jesus, a pedido de Maria, transformou água em vinho em Caná. Setecentos e vinte litros de um abundante e delicioso vinho. Hoje nós pedimos, Pai, por intercessão de Maria, o seu filho Jesus venha também transformar tudo aquilo que é ausência, medo, dor, estrume, estrago, na alegria, na serenidade, na capacidade de perdoar... E acima de tudo, hoje, pedimos: na capacidade de começar hoje uma vida completa e absolutamente nova, renovada, restaurada, curada! Na certeza desse amor que foi marcado com o sinal sagrado. Nesse amor que traz em si o dom de revelar esse Deus que nos ama. Plenifica esse amor. É o que nós pedimos, Pai, por causa e em nome do seu filho Jesus Cristo, que nos revelou seu amor. Ele que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo."
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