As Duas Maneiras de Fazer





De: o mais gentil dos Josés
Assunto: as duas maneiras de fazer
Para: padreleo_ceu@ceuhotmail.com

          Olá, pai querido, 

          Ontem eu estava muito angustiado, sabe?... porque parecia que nada estava dando certo. Sabe aqueles dias em que você senta para analisar as coisas e parece que nada está andando? Pois é! Ontem foi um desses dias. 
          Precisamos começar a construção aqui no recanto de Italva... mas não chega a planta da casa de Curitiba – já que as nossas construções são padronizadas. Precisamos abrir uma conta no banco... mas não chegam os documentos de São João Batista etc. E... para piorar as coisas, ainda “bati” com o “Tarcísio”. É! o “Tarcísio”, o elegante fusquinha vermelho que um benfeitor nos emprestou. 
          Então, sentei ali na varanda, e comecei a pensar. Tá!... e se eu fizesse assim?... Desse jeito não está dando certo, mas, e assim, será que vai dar?... Valeria a pena improvisar?... 
          Ah! pai querido, eu estava nessas condições, com o meu coração angustiado, quando... opa!... ouvi alguma coisa! Aquietei-me, e... pude ouvir muito nitidamente a sua voz, lá no mais profundo do meu coração: “– José, meu filho... existem apenas duas maneiras de fazer”... 
          Então, aconteceu uma coisa muito interessante... sabe, pai? Imediatamente eu voltei àquela tarde de abril de 2005 – não lembro o dia – em que eu fui te procurar para conversar. É que, naquela ocasião, eu era postulante em São João Batista e trabalhava no galinheiro. Eu estava muito desorientado porque precisava trocar a areia das “baias” das galinhas, no entanto a areia não chegava. No ímpeto de fazer, eu fui buscar uma permissão sua para resolver aquela situação, do meu jeito, e, sentado em uma das poltronas que ficavam no lado da porta da varanda do seu quarto, perguntei: “– Pai, a areia não chegou, eu posso fazer do meu jeito”?... 
          Ah! pai querido, a sua resposta veio como uma “chicotada” na espinha. Lembro, como se fosse hoje, que depois de ouvir pacientemente todas as minhas “explicações”, justificadas pelo arrojo próprio daqueles que estão na forma- ção inicial, aqueles seus olhões azuis cravaram nos meus, e, naquela inflexão de voz que era só sua, respondeu: “– José, meu filho... existem apenas duas maneiras de fazer aquilo que é certo,” – e acrescentou inclinando-se um pouco para frente “– a primeira é fazer aquilo que é certo da maneira errada. A segunda é fazer aquilo que é certo da maneira certa”
          Nesse momento, lembro que o senhor levantou-se da sua poltrona e foi até a varanda, e de costas para mim continuou a lição: “– O fim não justifica os meios, meu filho. O que você está querendo fazer é improvisar, mas a vida não tolera os improvisos. Portanto, espere. Na hora certa, do jeito certo, a areia vai chegar, a areia grossa própria para as “baias”. 
          Não é preciso dizer, que naquela tarde desci as escadas que dava para o seu quarto todo “desconcertado”. Onde já se viu? Questionava-me. Eu subi lá todo empolgado e ele me joga um balde de água fria desses? 
          Ah! que lição maravilhosa o senhor me deu, pai. “A vida não tolera improvisos”, é isso mesmo, então caí em mim. Que interessante, né? Naquela época o senhor já me preparava para enfrentar essa situação de hoje, escuto direitinho o senhor dizendo: “– José, sua anta, foi assim que eu te ensinei? Quantas vezes eu te disse que na vida não se pode improvisar? Quantas vezes eu te ensinei que não se pode enfrentar a vida e as situações com gambiarras? Portanto, espera, reza, acredita na providência de Deus... e faz aquilo que precisa ser feito da maneira certa”. 
          Estou tranquilo agora, pai querido, obrigado por nunca ter nos deixado. Suas palavras ressoam, mais de que nunca, com toda força no meu coração. 
          Tchau, pai querido.

José Gentil*, bth
jpiresbethania@hotmail.com

*José Gentil é consagrado da Comunidade Bethânia e escritor, autor de "O Anjo do Celeiro" e "O Essencial é Invisível aos Olhos - A minha experiência pessoal com o Padre Léo".

Obs: esse e outros 39 "emails ao Padre Léo" fazem parte do livro "O Essencial é Invisível aos Olhos - A minha experiência pessoal com o Padre Léo", de autoria de José Gentil (ou o mais Gentil dos Josés, como Padre Léo o chamava).



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