E-mail ao Padre Léo 08

Artigos 
20/01/2012 
José Gentil,Bth - Consagrado e Escritor 


O relógio do meu computador marcam agora 03:35 da manhã e, o sono não vem. O calor nessa madrugada tá de “rachar” aqui em Italva o Recanto “Ternura”, e... Enquanto uma brisa suave e morna chacoalha para lá e para cá as cortinas de minha janela...


De: o mais gentil dos Josés 


Assunto:  nunca se compare com ninguém  


Para: padreleo@ceuhotmail.com  


Puxa!... Pai querido... O relógio do meu computador marcam agora 03:35 da manhã e, o sono não vem. O calor nessa madrugada tá de “rachar” aqui em Italva o recanto “ternura”, e... 


Enquanto uma brisa suave e morna chacoalha para lá e para cá as cortinas de minha janela, escuto ao longe o cantar de todos os galos do mundo anunciando o breve amanhecer. Bem, e já que perdi o sono, estou recordando aqui daquele dia em que subi até o seu quarto para conversar (foi no final do retiro segredos para a cura interior), eu estava trabalhando na padaria, e como o senhor sempre fazia no almoço do domingo e final de retiro, passava pela padaria e pela cozinha para agradecer a equipe de apoio. 


Pois bem, quando o senhor chegou à padaria eu aproveitei para lhe fazer o seguinte pedido; “pai, eu posso ir conversar com o senhor logo mais à noite”? Tal foi a minha surpresa, quando o senhor estatelou aqueles olhões azuis para mim e disse assim, na lata - “não atendo ninguém à noite, meu filho” - para depois completar ternamente - “Mas se você quiser ir agora?”... E eu fui. 


Sentados frente a frente, como o senhor gostava que fosse uma conversa, levantei meus olhos perplexos e medrosos para o senhor e exclamei: “to com medo, pai!”. “Medo”?... Perguntou-me inclinando-se um pouco para frente, para depois concluir...


Medo de que, meu filho?" ... “Medo de não corresponder à minha Consagração”... Completei ainda com os olhos no senhor, para depois desviá-los para o chão. Lembro que se fez um pequeno silêncio quebrado apenas pela respiração ofegante do Quinzinho que tranquilamente dormitava embaixo da escrivaninha, e pelo semblante, percebi que o senhor já tinha entendido tudo, mesmo que eu não falasse abertamente. 


É que por aqueles dias, eu vinha remoendo muitas dúvidas no meu coração... Sabe pai, e isso estava me sufocando, “será que serei um bom Consagrado”?... Perguntava-me constantemente, “será que darei conta das missões que a Comunidade me confiar”?... E como se não bastasse, naquela época eu me comparava muito, estava na verdade sofrendo de um tremendo complexo de inferioridade. 


Achava-me incapaz de responder ao novo de Deus, como os outros Consagrados. “E... Que tipo de Consagrado você espera ser?”... O senhor indagou-me de repente quebrando aquele pequeno silêncio. E pego assim, de chofre, eu não tive muito tempo para raciocinar, e sem ajuizar muito respondi: “espero ser um Consagrado coerente assim como o senhor, com a fortaleza da Margarida, com a perseverança do Ideraldo”... “Meu filho não faça isso!”... 


O senhor me interrompeu quase gritando e eu me assustei, sabe pai?... Porque pouquíssimas vezes eu o tinha visto assim, e... Não obstante o meu susto, o senhor não aliviou a barra, e com a mesma entonação severa completou: “nunca se compare com ninguém, meu filho, porque a comparação é sempre injusta e... quem se compara, já perdeu o jogo!”. Ah! Pai querido, recordo que eu não sabia onde por a cara, e tudo o que eu precisava naquele momento era de um buraco para me enfiar, mas o senhor percebeu e voltou agora com sua voz meiga e paterna: 


Você é capaz de adivinhar o que tem no meu bolso”? “Não”... Respondi depois de uma pequena pausa. “E nem quer tentar”?... Insistiu, mas meneei a cabeça negativamente. Nesse ponto o senhor levantou-se e foi até a varanda, me chamando em seguida. “Olhe para aquela pequena palmeira!” Exclamou apontando com o indicador. 


Pois bem, ela tem apenas alguns centímetros e... Algumas folhas, com toda certeza nem daqui a dez anos ela conseguirá ser como aquele robusto eucalipto, por mais que ela tentasse não iria conseguir. E nem precisaria ser, porque já temos eucaliptos demais nesse mundo. Todavia, o que aquela palmeira precisa fazer é crescer, e ser uma frondosa árvore capaz de embelezar o mundo, mas... Como palmeira. Eu sei meu filho, que está chegando à época de sua Consagração, e você talvez esteja com medo de não corresponder aos anseios da Comunidade... Acertei?”... 


E em função do meu silêncio o senhor ajuntou. “Pois eu lhe digo para nunca ter medo de fracassar, ou de errar, ou de avançar, nem tampouco de se enganar, e também não precisava ter medo de não adivinhar o que estava escondido no meu bolso... Até porque não tinha nada aqui, e você não perderia nada se tivesse tentado”. 


Uma suave brisa de fim de tarde trazia até nós o gargalhar de alguns visitantes inebriados pela beleza do recanto, enquanto o senhor finalizava a nossa conversa: “com toda certeza, você nunca será um Consagrado como o Léo, ou a Margarida, ou o Ideraldo, e também nunca será igual a ninguém. 


Mas você tem a possibilidade de ser o melhor Consagrado que Bethânia jamais teve, de desenvolver as maiores e as mais belas missões que lhe confiarem, mas do seu jeito, do jeito José Gentil de ser, com suas demoras... 


Luzes e sombras, pecados e virtudes. Como você pode ver meu filho, não há nada a temer, nem a perder... O que existe é apenas um longo caminho de aprendizado a ser percorrido.


Ah! Pai querido, obrigado por essa certeza absoluta, aquela conversa me ajudou a ser uma pessoa melhor e... Sem comparações. Tchau pai querido e até a próxima quinta.


jpiresbethania@hotmail.com
Fonte: http://www.bethania.com.br/artigos/e-mail-ao-padre-leo-08
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6 comentários:

  1. Duas coisas me chamou muito a atenção:

    NUNCA SE COMPARE COM NINGÚEM!!!
    Pe Léo é o cara...

    E a outra que tocou profundamente meu coração:

    “Pois eu lhe digo para NUNCA TER MEDO DE FRACASSAR OU DE ERRAR OU DE AVANÇAR NEM TAMPOUCO DE SE ENGANAR... e também não precisava ter medo de não adivinhar o que estava escondido no meu bolso... Até porque não tinha nada aqui, e você não perderia nada se tivesse tentado”.

    SIMPLESMENTE PERFEITO!!! José Gentil muito obrigado por essas partilhas!!!
    Abraço fraterno...
    Jonathan Melo

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  2. Gostei muito da reflexão do senhor José Gentil, acho que todas as pessoas que tiveram a graça de conhecer o Padre Léo deveriam partilhar dessa experiência com todos nós. Muito obrigado ao senhor José Gentil por essa iniciativa.
    Izabel Antunes.
    Caçapava -SP

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  3. Olá José Gentil!

    Padre Léo nos ensinou que não devemos nos comparar com ninguém, porque cada um é único, perante Deus somos únicos, e Deus nos trata de maneira pessoal.

    Nos ensinou também que não devemos ter medo do fracasso, não ter medo das quedas, pois o importante é não permanecer no chão, é levantar, lutar e caminhar sempre.

    O padre usou de sabedoria e discernimento para abrandar seu coração e conseguiu. Hoje você é um
    consagrado de Bethânia.
    Eu creio que aquela conversa o ajudou a ser uma pessoa "melhor para o outro e não melhor do que o outro".

    Obrigada por nos trazer mais esses ensinamentos!
    Deus o abençoe!

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  4. Lindo seu texto José Gentil, me emocionei.
    Você está morando em que fazenda de Betânia?
    Clarice L da Rosa.
    Bauru-SP

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  5. Oi José Gentil!

    Sempre curto os e-mails ao Padre Leo. Parece que ele está aqui do nosso ladinho. Bom, de certa maneira ele está, né?

    Mas, me perdoe a minha ignorância. O que é ser Consagrado? Vejo sempre esse termo aqui no blog e na canção nova, mas eu não sei o que é. Seria muito abuso meu fazer essa pergunta?

    Desculpe qq coisa!
    Beijo no coração!
    Ana Lydia
    alymoutinho@gmail.com

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