WikiPeLéo - Como bambus no Getsêmani

Tema - Cura interior
Evento - Acampamento de oração
Local - Comunidade Canção Nova
Data - 08.09.2002 - 09 horas
Palavra de Deus base para a pregação - 
Mateus 26, 36


Curvar-se diante das tempestades da vida. Ter raízes profundas. Crescer para o alto. Cortar os galhos do pecado. Padre Léo nos ensina isso e muito mais nesta palestra espetacular de cura interior. Uma das pregações antológicas de padre Léo. Eis um fato curioso sobre o bambu, que dá título a pregação: ele pode demorar anos para brotar, mas pode crescer cerca de um metro em apenas 24 horas. Abaixo, trechos da pregação:

"Se a cura interior não pode ser compreendida como aquela oraçãozinha fraca... Já falei dessas orações de 'correntinha', de achar papel... Cada vez que você achar um papelzinho desses na igreja 'Faça quantas cópias, manda publicar', amassa e joga fora. Isso é superstição! Não tem nada de oração."

"Sabe por que muitos de nós ainda não fomos curados? Porque nunca fizemos uma oração de cura interior seguindo o modelo de Jesus. É Jesus que diz para mim e pra você: Eu vim para que você tenha vida e a tenha em abundância.

"Enquanto nós fazemos orações de cura interior seguindo os gurus da Nova Era, nós podemos até sentir uma paz, um alívio interior, um desabafo espiritual. Mas isso não é cura interior. Cura interior é uma oração feita a partir de uma suprema angústia."


"Nós não nos convencemos ainda que estamos numa batalha, de que estamos numa guerra. O Brasil sagrou-se com um título fabuloso. Lembra qual? O Brasil foi pentacampeão. Que coisa bonita! Quanta gente assistiu lá no Rio de Janeiro com o padre Jonas, alguns em Aracaju, comigo. O Brasil foi penta! As pessoas sairam nas ruas e festejaram. Você assistiu aos jogos da Seleção? Não responda, pra não mentir! A grande maioria assistiu. E a Copa do Mundo foi lá na Coréia e no Japão. E o horário lá é diferente do nosso. Tinha jogo que era às três horas da manhã. Não responda! Você levantou-se às três horas da manhã pra ver o jogo? Não responda! Não quero que ninguém minta por minha causa. Talvez você pôs o despertador... Acordava. 

O seu menino, que pra ir na escola não levanta de jeito nenhum, 2:h30min estava em pé! Ia lá, puxava o dedão: Pai, pai, tá na hora! Já soltou foguete, pai! Não é assim? E você levantava às três horas da manhã e ficava ali em frente da televisão... E às vezes nem ia dormir mais. 

Porque você tinha que torcer para que Ronaldinho... Embora a grande responsável pela vitória da Seleção foi minha mãe. Aquele modelo de cabelo do Ronaldinho foi idéia da minha mãe. Quando a gente era pequeno, mamãe mandava cortar o cabelo da gente igualzinho! Ronaldinho copiou Dona Nazaré. 

Então você levantava às três horas da manhã e assistia o jogo. E torcia! A grande maioria das pessoas fez isso ou não? 



Pergunto, não responda agora: quantas vezes você levantou às três horas da manhã pra rezar um Terço? Pra vencer a desgraça que está se abatendo sobre sua família? Quantas vezes? Não é errado assistir o jogo às três horas da manhã. Que bom! E eu gostei muito da vitória da Seleção Brasileira, até porque até o Presidente da República deu palpite, dizendo que tinha que levar o fulano e o sicrano... E o Filipão foi macho o suficiente pra não levar e ganhar a Copa. Eu achei ótimo!

Mas isso tem que ser jogado agora na minha vida espiritual! 

- Ah, padre, eu estou lutando tanto pra arrumar um emprego! 

Quantas vezes a família levantou às três horas da manhã, se colocou de joelhos e rezou um Terço? Não estou falando nem em 1h30min, que demora um jogo, pra pedir o emprego do marido. 99% das pessoas nunca fez isso. Por isso, eu peço, não responda! Não levante sua mão, fique pensando. Se você fez isso, louve a Deus! 

Quantas vezes você levantou às três horas da manhã e ficou uma ou duas horas em oração pra libertar um filho das drogas? Eu tenho filho que foi levado pra minha casa e está lá há uns sete meses, oito meses, um ano... E a família nunca mandou uma carta. 

Quantas vezes você levantou às três horas da manhã pra rezar pro seu marido se libertar do alcoolismo? Ou da violência? Ou da prostituição? Ou do adultério? 

- Ah, eu rezo muito!

O quanto é esse muito que você reza? Quantas vezes, até hoje, você se postrou com a cara no chão? 

Ontem, teve gente aqui que não aguentou ficar cinco minutos ajoelhado. Jovens! Joelho já estica, já deita, já senta... Depois fica querendo passar a mão no Ostensório como se fosse uma coisa mágica. Mete esse joelho no chão pra ver o que muda! 



Nós brincamos com coisa séria, por isso que falta alegria. A alegria que tem que brotar em nosso coração é fruto de sangue. Por isso que me preocupa muito quando se ensina oração de cura interior como se fosse uma coisa mágica. Uma coisa afetivazinha em que passo a mão na cabeça da pessoa, fico falando umas palavras e a pessoa se comove. A vida é dura e principalmente se a pessoa for mole. Se Jesus, o filho de Deus, aquele que veio para nos dar a vida, que tem palavras de vida, nos dá o pão da vida... É o único que nos pode levar para a vida eterna. Se Jesus sentiu tristeza profunda... Uma tristeza tão grande que se transformou numa angústia suprema. Que chegou a suar sangue! 

Aqui nunca nenhum de nós suou sangue. Só quem falou que Ele suou sangue foi Lucas, porque Lucas era médico e sabia muito bem que quando uma pessoa chega a suar sangue é porque essa angústia, essa tristeza, já passou para o seu corpo. 

A tristeza espiritual, a tristeza interior se traduz em uma tristeza física. O corpo somatiza essa tristeza. Jesus se retirou. Nós não nos retiramos. Nós não nos afastamos! 

Nós vivemos num barulho danado, numa agitação, numa correria. Faz uma rezinha mágica. Reza, quem sabe, 15 minutos por dia e acha que rezou muito. Vai uma vez por semana na Missa e acha que Deus está devendo obrigação. Faz uma novena, uma rezinha desse tamanho... Reza nove dias seguidos, de qualquer jeito, no intervalo da novela, e reza olhando pra televisão. E cobra de Deus!



Chega dessa espiritualidade de lixo! Enquanto vivermos essa espiritualidade de lixo, da superficialidade, nós não chegaremos a mergulhar na cura que o Senhor quer fazer. 

A cura interior não é opcional. Jesus veio para curar-nos interiormente, porque sem a cura interior não tem salvação. O ministério da cura interior em Jesus é um ministério de salvífico, porque Ele não é curandeiro, Ele é Salvador! 

Nós queremos um Cristo curandeiro. Um Cristo que não nos compromete. Um Cristo que nos ensine uma oraçãozinha mole. 

Jesus se retirou com os doze. Grupo! A coisa que o encardido mais está trabalhando para destruir na Igreja são os grupos de oração. E triste: está conseguindo.

 Quantos grupos de oração morreram? Porque tem grupo de oração que hoje é uma assembléia não sei do quê... Onde tudo está organizado. A recepção está organizada, as músicas que o ministério de música vai cantar já estão todas elencadas na pasta... Já tem o sujeito que fez a escola 'não sei das quantas' e ganhou diploma. Esse pode ir lá falar, dar um ensino... Leva duas horas dando ensino, 15 horas dando aviso e não reza cinco minutos. 

E o que tem que acontecer em nossos grupos é um pôr a mão no outro e rezar. Interceder pelas pessoas. Enquanto não fizermos isso os grupos vão caindo! E a gente tem que deixar de viver na lorota! Onde estão os grandes Cenáculos que se realizavam? É muito fácil eu colocar a culpa nos outros. 

Eu dizia, aliás, talvez foi por isso que nunca mais me convidaram para pregar no Congresso Nacional da Renovação... Porque a única vez que me convidaram para pregar na Basílica de Aparecida, eu falei na frente dos senhores bispos, dos senhores padres e não sei quantas mil pessoas que estavam lá, dizendo que a única coisa que pode acabar e estragar a Renovação Carismática Católica somos nós, quando nos deixarmos tomar pelo espírito de liderança e não de servo. Porque a palavra líder não aparece na Bíblia! E é isso que está acontecendo. 


Tem gente que hoje tem tanto cargo e pertence a tanta secretaria que não tem tempo para fazer um oração. Ele precisa organizar as pastas das secretarias dele todas. 

Jesus está nos dando um ensino concreto de cura interior. Retire-se com o grupo. É preciso que eu tenha um grupo. E dentro desse grupo... Ai é uma sabedoria espetacular. Jesus tinha o grupo de doze apóstolos. Ele tinha os 72 discípulos com os quais ele rezava, mas ele tinha o grupo dos doze apóstolos para orações mais íntimas. Foi para eles que Jesus ensinou o Pai Nosso. Foi com eles que Jesus partiu o pão e instituiu a Eucaristia. Foi com eles que Jesus instituiu o sacramento da reconciliação. 

Mas entre aquele grupo, o grupo que Jesus rezava, Jesus tinha o seu grupinho de cura interior.

E esse grupo tem nome: era formado por Pedro, João e Tiago. Sabe o que me impressiona? Os três piores. Em matéria de relacionamento, os únicos três que a Bíblia conta que tinham defeitos de relacionamentos. E, para completar o quadro, a conclusão da oração é Jesus dizendo que está chegando o quarto.
E qual era essa quarta pessoa? Judas. 

Jesus tinha o seu grupo e dentro daquele grupo ele tinha os três que eram os seus verdadeiros amigos.

Quem diz que tem muitos amigos não tem nenhum. Amigo você tem que ter poucos, talvez contar na palma de uma mão. Mas é esse amigo diante do qual eu posso rasgar meu coração. 

Meu irmão, minha irmã, as piores máscaras que existem são as máscaras espirituais que criam corações mascarados. E corações mascarados, em pouquíssimo tempo tornam-se corações empedernidos, corações de pedra. Corações feridos e machucados. 

E aí a ferida lá de dentro não sai. Nós precisamos de pessoas diante das quais nós podemos rasgar nosso coração. Isso eu preciso na família, eu preciso na comunidade e eu preciso na Igreja. Não acontece cura interior sem intimidade profunda. 

Amigo é aquele diante do qual eu posso rasgar meu coração e mostrar minha fraqueza. 

Cronologicamente falando, essa experiência de oração de cura interior de Jesus aconteceu na semana da sua morte. Muito provavelmente na quarta ou na quinta-feira santa. 

Gente, que preparação, o homem que vai salvar a humanidade... Como é que esse homem, que ia assumir a missão de ser salvador do mundo e que ia convidar os discípulos a pregar o seu nome como o Senhor e Salvador! Inclusive, entre os discípulos, aquele que ia assumir a missão de ser o seu sucessor, Pedro, o primeiro papa. 

Que coisa estupenda! Jesus não tem máscara no seu coração nem diante daquele que vai ser o primeiro papa. É por isso que Jesus depois vai poder fazer oração de cura interior na cruz: Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem. E é por isso que depois de ressuscitado vai poder vir fazer oração de cura interior no coração de Pedro. Jesus está nos mostrando que enquanto não entrarmos nesse processo de prostração... 

Quem não se prostra diante de Deus, se prostra diante da vida. E terrível: acaba se prostrando diante do encardido. Porque o sonho do encardido, e ele falou pra Jesus, é que a gente acabe se prostrando diante dele. Quantas pessoas prostradas na vida. 



"Sabe por que a gente fica prostrado? Porque a gente não se prostra diante de Jesus."

"Quem quer experimentar a graça da cura interior não pode se esconder. Tem que tirar as máscaras. Jesus, embora não tivesse máscaras, teve que tirá-las diante de Pedro, Tiago e João."

"Talvez tenha sido pedagógico que Jesus tenha escolhido Pedro, Tiago e João para nos mostrar diante de quem Ele se abriu. Pedro, o único que o negou três vezes. Tiago e João receberam de Jesus o apelido de Boanerges, filhos do trovão. Pensa bem! Às vezes a gente fica triste porque a pessoa falou mal da gente... Jesus não falou mal, não! Ele chamou os dois de filhos do trovão. Trovão é feio! Trovão assusta! E de Pedro Ele deu o apelido que Deus me livre e me guarde: Mateus, 16... 'Afasta-me de mim, encardido.' Que coisa! De nenhum outro apóstolo Ele chamou. Nem Judas! Pedro: encardido. Tiago e João: filhos do trovão. Pior ainda! Pois foi diante dessa trinca medonha que Jesus três vezes se prostra em oração. 

Parece que as três vezes que Jesus se prostra significa: uma para Pedro, uma para Tiago e uma para João. Talvez seja por isso que Paulo vai escrever em Gálatas que as colunas da Igreja são Pedro, Tiago e João. 

Jesus se abriu com eles. Jesus mostrou sua angústia praqueles três, e pior, os três não deram bola pra angústia dele. Puxaram a paia. Padroeiros de muita gente que vai rezar e dorme. 

A primeira vez que Jesus se prostrou, Ele ficou quanto tempo? Uma hora. Tenta ficar uma hora prostrado com a cara enfiada na terra..."



"A chegada da cruz teve Getsêmani. Esse Jesus que quer dar a vida a mim e a você está nos ensinando algo muito importante. Oh, meu irmão, minha irmã, tira a máscara! Aplica aquilo que você aplica na sua vida, no dia a dia, para sua vida espiritual. 

Se você foi capaz de levantar às três horas da manhã para assistir um jogo da seleção que não muda nada na sua vida... O que você ganhou com o penta? Nada! Então, se você conseguiu fazer isso, é Deus dizendo pra você: 'Você também vai conseguir, sim! Agora enfrentar uma seleção muito pior: a seleção dos traficantes, a seleção dos prostituidores, a seleção dos desempregadores, a seleção dos corruptores. Tem um monte de seleção que está sendo treinada para jogar contra você'.

Guga é o melhor tenista brasileiro e já foi o melhor do mundo. E por que está perdendo? Porque está machucado. Fez uma cirurgia... Ele vai voltar a ser o melhor logo, logo..."

"Vocé é o melhor do mundo! Você nasceu para ser o melhor do mundo. Não no sentido de ser melhor que o outro. Você não tem que se comparar com ninguém. Você nasceu para ser melhor para o outro. O melhor marido para sua esposa. O melhor pai pros seus filhos. O melhor padre para sua comunidade.

Não temos que nos comparar com ninguém, mas nascemos para ser o melhor para o mundo. O cristão tem que ser melhor para... Mas ele está parando de ser melhor porque está com o coração ferido e machucado."



"Você está sendo derrotado! A derrota está dentro de você, não está fora. Nós estamos carregando a derrota. Pois Jesus está nos dizendo duas coisas fundamentais. Primeiro: você tem verdadeiros amigos? Não responda. Eu não estou falando colega. Eu não estou falando conhecido. Gente que me aplaude. Gente que me puxa o saco. Eu não estou falando disso. Isso é fácil. Se a pessoa precisar de você, ela vai atrás. 

Amizade interesseira? Ah, meu Deus, basta dar uma olhadinha agora, época de eleição, que você vai ver. O que aparece de gente... Parente. Eu não estou falando disso aí. Eu não estou falando dessa futilidade do mundo, não. Pra essa futilidade do mundo, eu já disse nesse palco aqui, não faz muito tempo, que Deus me deu a graça de cortar 99%. Faltam alguns, mas vou conseguir. Se Deus quiser! Quem diz ter muitos amigos, aqueles amigos de festa, só das coisas superficiais, só pra fazer folia... 

Quantos filhos chegam para mim e contam: 

- Ah, pai, quando eu tinha dinheiro, quando eu tinha carro, eu tinha sempre amigo. Minha casa estava sempre cheia de gente. Os colegas iam lá pra gente ir pra zona, pra gente ir comprar droga. Sempre tinha amigo. Na hora que eu me contaminei, na hora que eu perdi tudo, na hora que eu fui preso, não apareceu ninguém.

Eu louvo a Deus as situações difíceis que já aconteceram em minha vida, porque são essas  horas que mostram pra gente quem a gente é para os outros. Porque pra Deus, eu já sei. Por isso nunca peça para Deus: 'Senhor, tira os problemas da minha vida.' Não. Peça para Deus: 'Senhor, dai-me a graça de superar os meus problemas'."



"Deus me deu uma imagem e essa imagem vem evoluindo. Daquele menino que depois de uma tempestade violenta, de manhã ele saiu na varanda da fazenda e gritou pro avô:

Vô! Corre aqui! Vem ver! Como é que o senhor me explica que essa figueira, essa árvore que precisava quatro homens para abraçar o seu tronco... Como é que essa figueira tombou, vô? O vento derrubou a figueira, vô! E como é, vô, que aquele pezinho de bambu tão fininho... Como é que aquele pé de bambu não caiu?

Aí o avô pôs ele aqui, no cangote, e falou: 

Vem cá!

Aí foi lá na fiqueira, mostrou a figueira. 

Nossa, vô, ela está oca! 

É filho, com o tempo a figueira foi ficando oca. 

Vô, mas não parecia! 

É por causa da casca, filho! Tinha uma casca muito grande. A gente não via. Você olhava pra figueira, ela estava lá, metidona... Poderosa! Achou que era muito importante, o vento... Pluf!

É, vô, mas o bambu também é oco.

Aí o vô gostou mais ainda. Falou:

Então, vem cá! 

Chegou lá no bambu... Bambuzinho pequenininho. O avô levou o menino até o bambu e disse: 

Primeira diferença: o bambu sabe que é oco desde pequeno. 

Então a primeira coisa que o bambu ensina pra mim e pra você: desde pequeno a gente é oco. O que significa isso? Vazio para poder encher-se de Deus. Por isso que a gente foi feito oco! Por isso que a gente nasce vazio! Porque Deus quer nos encher com seu... Em plenitude! O bambu sabe que desde pequeno ele é oco. Então, sabendo que é oco, que é fraco, ele toma alguns cuidados. 

A segunda coisa que o bambu nos ensina: a nossa vocação é o Céu. 
O bambu é uma grama, da família das Gramínias. Enquanto as gramas comuns se alastram, o bambu sendo uma Gramínia, sobe. Ele tem uma meta. Todo bambu só cresce pro alto. Você também. Ou você cresce para o alto ou a tempestade vai derrubar você.

Eu tenho que ter uma meta. É no Alto que está nossa meta. Somos cidadãos do Céu. Nós nascemos pra lá. É lá pra cima que eu tenho que olhar! O bambu está sempre olhando pro Céu. Sempre buscando o Alto. Sempre buscando a graça de Deus.

Terceira coisa: se ele quer crescer muito, ele tem que ter raízes profundas.
Por isso ele vai se alastrando. O tanto que o bambu cresce para cima ele vai se alastrando na terra. Ele vai enfiando, achando pedras, a raiz vai abraçando. Abraça no outro tronco. Ele enche, enche, enche.

Eu tenho lá em Bethânia um bambu chinês. Já faz uns três anos que ele está plantado. Ainda vai levar uns dois anos pra ele começar a crescer. Mas quando ele crescer, ele vai chegar a 20, 30 metros de altura. Ele leva cinco, seis anos só criando raizes. Terceira coisa que o bambu ensina pra mim e pra você? Se eu quero chegar lá no Alto, eu preciso ter raizes sadias. Raizes saradas. Raizes curadas. O que significam raízes? Raizes é aquilo que a gente tem escondido. 

A árvore com o tempo vai envelhecendo. As raízes começam a aparecer. Conosco também. As raízes são os vícios que a gente vai escondendo. 

Eu tenho que deixar a graça de Deus, a graça da cura, penetrar em cada uma das minhas raízes. 

A raiz é minha fé solidificada. A raiz é alimentada pela leitura contínua e constante da Palavra de Deus. A raiz é alimentada por um grupo que me dá sustento e me fortalece. 

Primeira coisa que o bambu me ensina? Eu sou oco desde pequeno. E por que eu sou oco? Pra poder ser cheio de Deus. Então, quanto mais eu me esvaziar, mais cheio de Deus eu serei.

Segunda coisa que o bambu me ensina? É preciso crescer para o alto. 

Terceira coisa que o bambu me ensina: eu preciso ter raizes profundas. Raizes sólidas. Raizes saradas. Raizes curadas.

Quarta coisa: o bambu não cresce pro lado. Se eu quero ter a graça de crescer pra cima, eu não posso criar galho. Bambu não cria galho. A figueira criou galho. Bambu não. Criar galho significa dispersar nossos dons, nossos talentos em coisas que não devemos. 

Quantas pessoas se enroscam na vida porque estão sempre amarradas com fulano, com cicrano, com a falsa amizade. 'Ah, eu tenho que ir lá porque, sabe como é que é a vida na sociedade... Eu tenho que ir.' Tem que ir coisa nenhuma! Eu vou se eu quiser! 

Uma vez, uma senhora lá em Brusque falou pra mim: 

- O senhor teve na casa do fulano e não teve na minha casa.

- E por que eu tinha que ir na sua casa? Já não casei pra isso, minha filha! Eu vou se eu quiser. 

Ela falou:

- Credo!

A gente vai criando tanto galho, depois vive quebrando galho. A pessoa se divide. Tem tanta coisa pra fazer! É a tal das secretarias... Cria tanta secretaria, tanta galhada... Corta as galhadas. Porque quanto menos galho eu tiver, menos dolorosa será a poda. E João, 15, diz que a gente será podado.

Os galhos significam as coisas que a gente vai acumulando. Já percebeu quanta coisa a gente tem que a gente não precisa ter pra viver? E vai se apegando! Tem gente que chega lá, se aquela caixinha cor de abóbora que ganhou no aniversário da avó dela de 1938.... Se aquilo não tiver lá, ela fica deprimida.  'Ah, estragou minha caixinha!' 'Ah, mas eu queria usar hoje aquela calça com o zíper e não acho...'  Corta um pouco do galho! Quanto menos coisas a gente tem, melhor!

É como aquele sujeito que foi procurar guru, um sábio espiritual, um mestre para pedir ajuda pra ele. Falaram pra ele:

Olha, ele mora aqui. A casa dele é logo ali. 

Chegou até a casa dele, era um salão. O homem morava numa tenda. 

Entrou, o mestre convidou-o a entrar. Chegou lá, tinha um colchão no chão, duas cadeiras, duas pedras assim, uma panelinha, mais nada... 

O homem ficou impressionado com aquilo. Falou: 

Mestre, onde estão as suas coisas?

O mestre riu e falou:

Uai! Onde estão as suas? 

Ah, mas eu estou aqui de passagem.

Eu também! 

Nós estamos aqui de passagem! Se você quer crescer lá pro Alto, corte os galhos! Corta a galhada! Canaliza! 

Crescer para o Alto e tirar as galhadas significa investir a minha vida... E isso vale para tudo! 

Quantas famílias estão cheias de dívidas, cheias de problemas porque não se unem. Corta o galho! Corta o supérfluo. Quanta coisa que você não precisa. Oh, meu Deus, quanta coisa eu não preciso para ser feliz! Quanta coisa! Eu não preciso. Só que a gente vai se apegando. O galho é assim, ele vai grudando. O galho cresce aqui, gruda lá... Aquilo parece que já faz parte do galho. Aí vai ficando pesado. O galho é muito grande, aí começa bicho a fazer ninho lá em cima e cobras e lagartos... E vai apodrecendo! E a pessoa tenta proteger os galhos. Corta os galhos!

Eu conto no livro Na trilha da cura, a primeira vez que fui à Paris fiquei decepcionado com aquilo lá. Oh lugar feio! Era inverno, aquelas árvores todas secas. Falei: Por que não corta isso tudo? Depois, quando voltei lá, logo em seguida, era primavera... Aquilo tudo verdinho. A natureza ensina a gente! Na hora do frio, ela recolhe. Ela não é besta! Deixa cair a folha. Agora, vai segurar as folhas? Segurar a folha, a raiz apodrece. A natureza é sábia. O que ela faz? Ela mesma dá uma chacoalhada, assim aproveita o vento. Joga a folha. A folha cai no chão, aí fica quentinha e a raiz dela dorme sossegada. Ela recolhe a seiva e joga pra raiz, porque a terra fria mata. Quando começa a melhorar a temperatura, ela começa devagarzinho, soltando... Por isso a gente tem que podar as plantas no inverno, porque a seiva dela está concentrada na raiz. Aí não morre. 

Será que você não está com galho demais? Alguns de nós somos galhadas enormes! Aliás, tem pessoa que quando chega num lugar, você já nota aquela galhada chegando... Aquilo parece uma árvore de Natal. Parece um pavão. Parece um peru aquilo dali. Consegue nem andar... Corta! 

Bambu é oco desde pequeno. Quer crescer para o alto, cria raízes profundas e não cria galhos.

Quatro coisas já aprendemos! Primeira: Por que eu sou oco? Para  Deus me encher com seu Espírito Santo! 

Por que Maria é feliz? Porque é cheia de graça. Cheia do Espírito Santo! Eu tenho que ser oco, mas cheio do Espírito Santo.

Segunda coisa: minha meta está no alto!

Terceira coisa: raizes profundas, sólidas, saradas. 

Quarta coisa: é preciso cortar o galho. 

Quinta coisa que o bambu me ensina: olha bem de perto para o bambu. Você já viu que ele é cheio de nozinho? Não é o nó que enfeia o bambu. É o nó que dá resistência ao bambu. É por isso que lá embaixo o nó, mais próximo assim, a parte mais velha do bambu, o nó vai ficando... Por que? Nó significa cada etapa que eu venço. Cada problema que eu supero. Cada problema que eu supero na minha vida me torna uma pessoa mais forte. Me torna uma pessoa mais resistente. Se o bambu não tivesse nó, ele seria lindo. Pareceria um cano de PVC,  mas na primeira ventania o bicho racharia de cima até embaixo. 

É o nó que dá resistência ao bambu. É o nó que faz o bambu ser forte. É o nó que faz o bambu ser firme! Cada nozinho significa um problema resolvido. Cada vez que eu supero um problema, que eu supero uma dificuldade... Cada vez que eu supero um desafio... Cada vez que eu perdoo uma pessoa que me machucou... Cada vez que eu peço perdão a alguém que eu machuquei... Cada vez que eu faço um pequeno jejum, é um nozinho que vai se solidificando. Aí o nozinho vai amarrando e vai dando consistência. E esse bambu chega a ser tão forte que na China eles fazem ponte pra passar caminhão de guerra feito de bambu. Eles fazem escadas. Edifícios enormes! Eu preciso aprender com os nós. Os nós significam dificuldades superadas. 

Aqui Jesus dobrou-se diante de algumas dificuldades. Nós que Ele superou. Nós que Ele assimilou. Meu irmão, uma coisa muito importante: problemas todos nós temos! Os problemas precisam ser assimilados. E não fugir do problema. O mundo de hoje ensina você a fugir do problema: toma um gole de cachaça que passa! Toma um doril, a dor sumiu! Não vou falar mais nada senão rima com esse negócio aí, não deve... Não! Jesus está dizendo pra você: Supere os problemas! Vença os problemas! Eu estou aqui pra mostrar como faz pra você superar os problemas. Você precisa ter a humildade do bambu de se enraizar no chão. E cada dia viver como um dom de Deus! Por isso o Deus da vida nos ensina o Pão nosso de cada dia... Tem um problema a ser superado? Supere esse problema agora. Resolva! Como eu vou resolver? Jesus deu a pedagogia para nós. Vá para o seu grupo. Lá no seu grupo... Aquelas pesoas que são amigas. Duas ou três pessoas... Coloque-se com essas pessoas num momento de retiro, de oração. Abra o seu coração. Faça uma oração honesta: 'Meu Deus, minha alma está triste. Senhor, eu estou abatido. Senhor, eu estou com dor. Senhor, eu estou machucado. Senhor, eu estou ferido. Senhor, eu estou me sentindo sozinho.' Chore diante de Deus! Chore suas mágoas diante de Deus!

Aquela definição linda de oração que está no livro de Samuel, 1, versículo 10 a 15, Ana rezando... E quando o sacerdote acha que ela está bêbada, porque o jeito que ela rezava, ela diz: 'Não. Eu não estou bêbada! Eu derramo a minha alma na presença do Altíssimo.' Que definição de oração! 

Derramo a minha alma. Derramo! Derramar é pegar um copo e derramar a minha alma na presença... E você derrama sua alma na presença de quem? O bambu tem nós e nós significam etapas. Uma longa caminhada se faz com pequenos passos. Andar é a coisa mais fácil que tem. Só mexe o pé detrás, ó.... Depois, em casa, você pode fazer a experiência. Veja: só tou mexendo o pé de trás, o da frente, eu nem me incomodo com ele... Significa que problemas a gente tem que solucionar um de cada vez. 'Ai, padre, eu tenho 30 pratos pra lavar!' Você nunca lavou 30 pratos. Você lava um, depois um, depois um.... Faz um por vez! Conquiste cada etapa vencida. Cada etapa é uma vitória. Celebre essa vitória!

Os nós são aquilo que fortalecem o bambu. Primeira coisa que o bambu me ensina? Eu sou oco. E por que eu sou oco? Pra ser cheio de Deus!

Segunda coisa que o bambu me ensina? É preciso crescer para o alto. 

Terceira coisa: eu preciso ter raizes sólidas, firmes, saradas, curadas.

Quarta coisa: o bambu não cria galhos.

Quinta coisa: fazer dos nós uma amarra. Uma resistência. Como numa construção. Você vai fazer um prédio, a cada pedaço de construção, tem que fazer uma amarra, tem que colocar uma estrutura. É isso que sustenta a gente! A construção é um tijolo em cima do outro. Tijolinho por tijolinho. A vida é assim. O mundo de hoje oferece tudo pronto. Tudo mágico. Tudo automático. Não! Jesus está dizendo para nós que a cura interior é um processo onde o Espírito Santo se junta ao meu espírito (Romanos 8,26), o mesmo Espírito se une ao meu... Ele não faz por mim.

O homem chegou lá na igreja:

Oh, padre, eu queria que o senhor rezasse pra minha cura. 

O padre falou:

Você tem que ter fé, meu filho. 

Eu tenho muita fé, padre! Muita fé! Eu tenho tanta fé que eu vim a cavalo e eu deixei meu cavalo lá na porta de Igrega. Eu nem amarrei ele porque eu sei que Deus está cuidando do meu cavalo! 

Vai amarrar o cavalo, rapaz! O senhor não acha que Deus tem coisa mais importante a fazer que ficar segurando cavalo na porta da Igreja? Ora! Amarre seu cavalo. Faça sua parte."



"Sexta coisa que o bambu nos ensina... Meu filho, olha bem esse bambu. Ele está sozinho? Não. A primeira coisa que o bambu faz quando começa a crescer, ele deixa o vento (e esse vento é do Espírito Santo, eu falei aqui em Pentecostes) jogar uma sementinha do lado. Bambu só cresce em touça. Por isso que você olha de longe, uma touça de um bambu é maior que uma figueira. É maior do que uma árvore. E essa touça é tão grudada porque, primeiro, não tem galhos. Nenhum deles tem galhos. Segundo, porque eles tem raizes profundas. Todos eles. Porque todos eles estão crescendo para cima. Quarto, porque todos eles sabem que são ocos. Quinto: todos eles vão se grudando uns nos outros porque aprenderam a fazer isso consigo mesmo. Quem aprendeu a superar os nós, vai aprendendo agora a se apoiar um no outro. O bambu se apoia em si mesmo pelos nós. Problema superado é vitória garantida! E agora se apoia em quem está do lado. E um se apoia no outro. E um balança junto com o outro. E eles vão até se entrelaçando. Se você tentar tirar um bambu lá do meio da touça, você não consegue. Ele está grudadinho. 

Bambu nasceu oco, quer ir para o alto, portanto cria muitas raizes, supera cada dia um problema (os nozinhos que a vida vai lhe oferecendo). Cada problema superado é um nó que firma. E ele se torna forte e ele se torna firme, cortando os galhos. Quem não corta os galhos não consegue viver em comunidade."

"Por que as pessoas não conseguem viver em comunidade? Tem gente que não pode! Como vai pôr dois pavões machos juntos? Não cabe!"

"A sua comunidade está sendo destruida? Por que? Porque tem galhos demais, corte! O que são os galhos? São os melindres."

"As árvores não fazem perder as folhas? Aprenda a perder os galhos! Galho é posição social. Quantas vezes você está triste?

- Ah, porque eu tinha um emprego tão bom! Eu tinha uma segurança e perdi.

Louvado seja Deus! Foi porque você perdeu aquilo que você conseguiu chegar onde chegou. Louvado seja Deus!"

"Primeira coisa que o bambu me ensina: eu nasci oco para me encher do Espírito Santo

Segunda coisa: é preciso crescer para o alto.

Terceira coisa: ter raizes profundas, curadas, saradas, sadias, firmes, ressistentes.

Quarta coisa: se eu quero crescer para o alto, eu preciso cortar os meus galhos. Quais são os galhos que eu preciso cortar? Os vícios.

Quinta coisa: os nós têm que ser transformados em problemas superados.

Sexta coisa: o bambu cresce sempre em touça.



Sétima coisa: tudo em Deus é perfeito. 

O menininho desceu do cangote do avô, o avô pegou a ponta do bambu, entortou até o chão, soltou, o bambu voltou. 

- Meu filho, aprenda com o bambu a ter a humildade de se curvar na hora da tempestade. 

A touça tem que se curvar. A família tem que se curvar. A comunidade tem que se curvar. Estamos numa batalha! E pra nos ensinar isso, o primeiro a se curvar foi Jesus no Getsêmani. O Getsêmani: a cura do meu coração passa pelo Getsêmani."

Padre Léo finaliza a pregação cantando Não dá mais pra voltar, de autoria do seu amigo diácono Nelsinho Corrêa.

Para adquirir essa e outras pregacões, livros e homilias de Padre Léo, além de produtos da Comunidade Bethânia, clique aqui. 
Compartilhe:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são moderados antes da publicação no blog. Comentários anônimos não serão publicados.
Deixe seu nome ao final do comentário.

Comente este Artigo.
Quer entrar em contato conosco? Clique Aqui

O Blog Padre Léo Eterno agradece sua participação.
Deus lhe abençoe!

Arquivo do blog

Postagem em destaque

Blog Padre Léo Eterno estreia podcast no Spotify

Um novo canal para a evangelização! Estreou neste sábado (25.jun) o podcast Padre Léo Eterno, com o intuito de ampliar os canais de evangeli...